Introdução
Fobia é o medo persistente, excessivo e irreal de um objeto, pessoa, animal, atividade ou situação. É um tipo de distúrbio de ansiedade. Uma pessoa com fobia ou tenta evitar a coisa que ativa o medo, ou suporta isto com grande ansiedade e angústia.
Algumas fobias são muito específicas e limitadas. Por exemplo, uma pessoa pode ter medo só de aranhas (aracnofobia) ou de gatos (galeofobia). Neste caso, a pessoa vive relativamente livre de ansiedade evitando a coisa que ela teme. Algumas fobias causam dificuldade em uma variedade mais ampla de lugares ou situações. Por exemplo, os sintomas de acrofobia (medo de alturas) podem ser ativados bastando a pessoa olhar para fora da janela de um edifício comercial ou dirigir sobre uma ponte alta. O medo de espaços limitados (claustrofobia) pode ser ativado ao usar o elevador ou um sanitário público pequeno. Pessoas com estas fobias podem precisar alterar suas vidas drasticamente. Em casos extremos, a fobia pode ditar a profissão da pessoa, seu local de trabalho, seu roteiro ao dirigir, suas atividades recreativas e sociais, ou o ambiente de sua casa.
Há três tipos principais de fobia:
Fobia Específica (fobia simples)
É a forma mais comum de fobia. Neste tipo, as pessoas podem temer certos animais (como cachorros, gatos, aranhas ou cobras), pessoas (palhaços, dentistas, os médicos), ambientes (lugares escuros, tempestades, lugares altos) ou situações (viajar de avião ou de trem, por estarem em um espaço limitado). Embora a causa das fobias específicas permaneça um mistério, estas condições são pelo menos em parte genéticas (herdadas), e parecem ocorrer em outros membros de uma família.
Fobia Social (desordem de ansiedade social)
Neste tipo as pessoas têm medo de situações sociais onde elas possam ser humilhadas, envergonhadas ou julgadas pelos outros. Elas ficam particularmente ansiosas quando pessoas pouco conhecidas estiverem envolvidas nesta situação. O medo pode ser limitado ao desempenho, como dar uma conferência, concerto ou apresentação empresarial. Ou pode ser mais generalizado, de forma que a pessoa fóbica evita muitas situações sociais, como comer em público ou usar um sanitário público. A Fobia Social aparece em outros membros de uma mesma família. Pessoas que foram tímidas ou solitárias na infância, ou que têm uma história de experiências sociais infelizes ou negativas na infância, parecem ter propensão de desenvolver esta desordem.
Agorafobia
A agorafobia é um medo de estar em lugares públicos onde seria difícil ou embaraçoso sair subitamente. Uma pessoa com agorafobia pode evitar ir a um filme ou a um concerto, ou viajar em um ônibus ou trem. Em muitos casos, ela também tem repetidos e inesperados ataques de pânico (medo intenso e uma variedade de sintomas físicos incômodos como tremer, ter palpitações, ter sudorese intensa e rubor facial).
As fobias da infância geralmente acontecem entre as idades de 5 e 9 anos, e tende a ser de curto prazo. A maioria das fobias começa depois de adulto, especialmente em pessoas acima dos vinte anos de idade. As fobias no adulto tendem a durar muitos anos, e são menos prováveis de curarem sozinhas. Sem tratamento específico, a fobia pode aumentar o risco de outros tipos de doença psiquiátrica na vida adulta, especialmente outras desordens de ansiedade, depressão e uso de drogas.
Quadro Clínico
Os sintomas de fobia incluem:
Sentimentos excessivos, irracionais e persistentes de medo ou ansiedade que são ativados por um objeto, uma atividade ou uma situação em particular - Os sentimentos ou são irracionais ou fora de proporção para qualquer ameaça atual. Por exemplo, qualquer um pode ter medo de ser ameaçado por um cachorro não contido, mas não é razoável correr de um animal calmo, quieto em uma coleira.
Sintomas físicos relacionados à ansiedade
Estes sintomas podem incluir tremores, palpitações, sudorese, falta de ar, vertigem, náuseas ou outros sintomas que refletem uma resposta ao perigo do tipo “corra ou lute”.
Evitação do objeto, atividade ou situação que ativam a fobia
Como as pessoas que têm fobia reconhecem que seus medos são irracionais, elas freqüentemente se sentem envergonhadas ou embaraçadas sobre seus sintomas. Para prevenir os sintomas de ansiedade ou de embaraço, elas evitam os fatores desencadeantes da fobia.
Diagnóstico
Além das perguntas rotineiras, o médico ou psicólogo irá perguntar acerca dos sintomas atuais, e da história familiar, particularmente se outros membros da família já tiveram algum tipo de fobia. Ele também perguntará sobre qualquer experiência ou trauma que possam ter provocado a fobia - por exemplo, um ataque por cachorro que levou ao medo de cachorros. Não necessariamente a fobia tem como alvo o objeto ou situação que levou ao trauma no passado
A pessoa pode achar útil discutir como ela reage - seus pensamentos, sentimentos e sintomas físicos - quando ela é confrontada com a coisa que ela tem medo. Além disso, ela deve descrever o que ela faz para evitar situações de medo, e como a fobia afeta sua vida diária, incluindo seu trabalho e suas relações pessoais.
O médico / psicólogo irá perguntar sobre depressão e o uso de substâncias (drogas ou medicamentos), porque muitas pessoas com fobias têm estes problemas também.
Prevenção
Não há nenhum modo de se impedir o aparecimento de uma fobia. Porém, se a pessoa já tiver uma fobia ou qualquer outra desordem de ansiedade, ela pode reduzir seu nível de ansiedade evitando estimulantes como a cafeína (presente no café, chá e refrigerantes), chocolate e nicotina (presente no cigarro).
Tratamento
O tratamento normalmente inclui a combinação de psicoterapia e medicamentos:
Fobia Específica
A terapia cognitiva comportamental pode ajudar, especialmente a chamada terapia de dessensibilização ou terapia de exposição. Esta técnica envolve aumentar a exposição gradual da pessoa às coisas que provocam medo, sob circunstâncias controladas. Como a pessoa é exposta ao objeto, ela é ensinada a dominar seu medo por relaxamento, controle da respiração ou outras estratégias para reduzir a ansiedade. Para o tratamento a curto prazo das fobias, o médico pode prescrever um medicamento ansiolítico, como o Lorazepan (Lorazefast®). Se a fobia só é confrontada ocasionalmente, como o medo de voar, o tratamento pode ser limitado ao uso de medicamentos.
Fobia Social
Se a fobia social concentra-se em um desempenho em particular (por exemplo, dar uma conferência ou tocar em um concerto), o médico pode prescrever um medicamento chamado beta bloqueador como o propranolol (Inderal®). Este medicamento só pode ser tomado antes do evento estressante. Ele ameniza os efeitos físicos da ansiedade (batimento do coração ou tremor dos dedos), mas normalmente não afeta a eficácia mental necessária para falar ou a destreza física necessária para tocar um instrumento. Para formas de fobia social mais generalizadas ou a longo prazo, o médico pode prescrever um antidepressivo, normalmente um ISRS (Inibidor Seletivo da Recaptação de Serotonina) como a Sertralina (Zoloft®), Paroxetina (Cebrilin ®) ou Fluoxetina (Prozac®). Se um ISRS não for efetivo, o médico pode prescrever um antidepressivo alternativo ou um medicamento ansiolítico. A terapia cognitiva comportamental também funciona bem para muitas pessoas com fobia social.
Agorafobia
O tratamento para esta desordem é semelhante ao tratamento para a desordem do pânico. O tratamento medicamentoso inclui medicamentos ansiolíticos, como o Clonazepam (Rivotril®), Diazepan (Valium®) e Lorazepan (Lorazefast®); antidepressivos ISRS ou antidepressivos mais antigos, como a Clomipramina (Anafranil®) e a Imipramina (Tofranil®). A psicoterapia também é um tratamento útil, particularmente a cognitiva comportamental.
Qual médico procurar?
Marque uma consulta com um psicólogo ou psiquiatra o mais cedo possível se você está preocupado com seus medos ou ansiedades que estão perturbando sua paz interior, interferindo com suas relações pessoais, ou lhe impedindo de viver normalmente em casa, na escola ou no trabalho.
Prognóstico
A perspectiva é muito boa para pessoas com fobia específica ou fobia social. Aproximadamente 75% das pessoas com fobias específicas superam seus medos com terapia cognitiva comportamental, enquanto 80% têm alívio da fobia social com medicamentos, terapia cognitiva comportamental ou uma combinação de ambos.
Quando a agorafobia ocorre com a desordem de pânico, o prognóstico também é bom. Com o tratamento apropriado, 30 a 40% dos pacientes ficam livres de seus sintomas por um período prolongado, enquanto outros 50% continuam a experimentar só sintomas leves que não afetam a vida diária significativamente. Só 10 a 20% dos pacientes não melhoram.
Fonte: www.policlin.com.br
Fobia
O que é ?
A
fobia social é a intensa ansiedade gerada quando o paciente é submetido à avaliação de outras pessoas. Essa ansiedade ainda que generalizada não se estende a todas as funções que uma pessoa possa desempenhar. Na maioria das vezes concentra-se sob tarefas ou circunstâncias bem definidas. É natural sentir-se acanhado quando se é observado: esse desconforto até certo ponto é normal e aceitável, muitas vezes vantajoso. Passamos a considerar esta vergonha ou timidez como patológicas a partir do momento em que a pessoa sofre algum prejuízo pessoal por causa dela, como deixar de concluir um curso ou uma faculdade por causa de um exame final que exige uma apresentação pública ou diante de um avaliador(es).
Diagnóstico
Para fazer o diagnóstico é necessário que a pessoa com fobia social apresente uma forte sensação de ansiedade ou desconforto sempre que exposta a determinadas circunstâncias. A ocorrência eventual para as mesmas situações como, por exemplo, escrever sendo observado exclui o diagnóstico de fobia social.O fóbico social sente-se muito incomodado todas as vezes que alguém o observa escrevendo. A intensidade desta reação de ansiedade é desproporcional ao nervosismo que esta situação exigiria das pessoas em geral, e isso é reconhecido pelo paciente. No momento em que a pessoa é exposta a situação fóbica, a crise de ansiedade é de tal forma intensa que parece uma crise de pânico. Por causa de todo o desconforto envolvido nessa situação a pessoa passa a apresentar um comportamento de evitação para estas situações. Casos específicos devem ser analisados individualmente, como, por exemplo, uma pessoa que tenha uma doença que deixe suas mãos com aspecto desagradável, poderá sentir-se mal ao ser observada quando assina um cheque, não por causa de uma possível fobia social, mas por causa do temor em que sua doença cause repulso em quem o observa.
Caracterísiticas Associadas
Os limites entre a timidez normal e a patológica são muito tênues para quem não é especialista no assunto. Mesmo para o próprio paciente com fobia social não é fácil acreditar que sofra de um transtorno psiquiátrico. Somente a difusão popular do quadro típico da fobia social na sociedade é capaz de levar os pacientes com fobia social ao psiquiatra, o que de fato vem acontecendo cada vez mais.
O uso de bebida alcoólica é freqüente e um bom indicativo de que o paciente pode responder bem à medicação. Há o perigo do desenvolvimento de alcoolismo, o que pode ser revertido com o tratamento adequado da fobia social. O alcoolismo surge mais como uma tentativa equivocada de automedicação.
Nas relações conjugais observa-se que quando o tratamento é iniciado após o casamento, podem surgir conflitos conjugais. Isso acontece porque o cônjuge saudável estava acostumado à dominação e o fóbico à submissão Quando o tratamento permite que a submissão se desfaça surgem naturalmente os conflitos, que podem ser superados com a cooperação e compreensão do cônjuge saudável. Pode ser necessária a complementação do tratamento da fobia social com uma psicoterapia de casais para superar essa fase.
Por fim um acontecimento comum principalmente no tratamento medicamentoso, que proporciona uma supressão mais rápida dos sintomas, é o surgimento de um comportamento hostil nos primeiros meses de tratamento, por parte do paciente. Isto se dá provavelmente devido a uma auto-afirmação que o paciente passa a adotar. Antes do tratamento, como todo fóbico social, os pacientes se submetiam a coisas com as quais não concordavam, mas o faziam por não resistirem à pressão. Com o tratamento o paciente aprende a dizer não, inicialmente com certa dose de agressividade, depois mais amadurecidamente. Geralmente este comportamento faz a família crer que o parente em tratamento piorou e se queixa ao médico disto. Estas brigas, agressões e hostilidades incomuns numa pessoa antes tão dócil são um sinal de eficácia do tratamento e essa fase de litígios é transitória não se recomendando a interrupção do tratamento por causa dela. Após três ou quatro meses o comportamento volta ao normal sem que o paciente volte a ficar fóbico novamente. Caso as brigas se prolonguem demais será necessária uma nova avaliação feita por psiquiatra.
Sintomas
Não há sintomas típicos de fobia social; como qualquer transtorno de ansiedade os sintomas são aqueles típicos de qualquer manifestação de ansiedade. O que caracteriza a fobia social particularmente é o desencadeamento dos sintomas sempre que a pessoa é submetida à observação externa enquanto executa uma atividade. Observa-se dentre os fóbicos tremores, sudorese, sensação de bolo na garganta, dificuldade para falar, mal estar abdominal, diarréia, tonteiras, falta de ar, vontade de sair do local onde se encontra o quanto antes. A preocupação por antecipação com as situações onde estará sob apreciação alheia, desperta a ansiedade antecipatória, fazendo com que o paciente fique vários dias antes de uma apresentação sofrendo ao imaginar-se na situação.
Escrever ou assinar em público
Falar em público
Dirigir, estacionar um carro enquanto é observado
Cantar ou tocar um instrumento musical
Comer ou beber
Ser fotografado ou filmado
Usar mictórios públicos (mais para homens)
Os pacientes com fobia social geralmente não conseguem dizer não a um vendedor insistente, compram um produto de que não precisam, só para se verem livres daquele vendedor, mas também nunca mais voltam àquele lugar. Os namoros muitas vezes são aceitos por conveniência e não por desejo verdadeiro. Os fóbicos sociais freqüentemente têm uma auto-estima baixa e julgam que devem aceitar a primeira pessoa que surge porque acham que não despertarão os interesses em mais ninguém.
Grupo de Risco
As pessoas mais afetadas pela fobia social são os homens, ao contrário da maioria dos transtornos de ansiedade que predominam sobre as mulheres. O início é indefinido, por ser muito gradual, impossibilitando os pacientes a identificarem até mesmo um ano em que este problema tenha começado. Na grande maioria das vezes o início é localizado na época em que começaram a se dar conta de que eram mais tímidos do que os outros, ou seja, na infância ou adolescência. Ainda não foram descritos casos na fobia social tendo iniciado após os trinta ou quarenta anos de idade. Isto não significa que não possa surgir nessa época, mas certamente só ocorre raramente. O mais tardar que a fobia social pode começar é no início da idade adulta, em torno de vinte anos; quando o paciente se dá conta percebe que é mais acanhado que a maioria das pessoas sob as mesmas condições.
Tratamento
O tratamento medicamentoso com o clonazepan ou os antidepressivos inibidores da rematação da serotonina está bem claro e definido. Essas medicações permitem uma recuperação entre setenta e noventa por cento. É pouco provável obter uma melhora de cem por cento embora algumas pessoas fiquem bem próximas disso. Talvez as pessoas com mais de cinqüenta anos de idade tenham uma certa resistência a melhora com medicação, este fato, contudo, ainda deve ser comprovado. A terapia cognitivo-comportamental vem apresentando bons resultados no tempo de um ou dois anos de duração. Não foi detectada recaída nos primeiros anos após a alta, mas acompanhamentos mais prolongados são necessários para se verificar o tempo que a terapia cognitivo-comportamental permite ao paciente estar livre dos sintomas: se definitivamente ou apenas alguns anos.Pode ser até que permita uma verdadeira cura caso os pacientes fiquem o resto da vida sem precisar de novas intervenções de qualquer natureza. Somente o tempo poderá verificar isso, ou seja, só as futuras gerações saberão desse fato.
Relato de caso
Abaixo está transcrito o relato de uma pessoa que sofreu um embaraço por causa de uma possível fobia social sem tratamento:
"Desde os meus 13 anos (agora tenho 22), percebo que quando alguém, durante uma conversa, me põe em uma situação constrangedora ou de observação, tenho algumas reações incômodas que se agravaram com o passar dos anos. Destas reações, a que mais me incomoda e o fato de eu ficar enruborecido, com as orelhas e o "pegando fogo". Esta reação acaba respondendo por mim acusações nem sempre verídicas. Um dia destes no trabalho, a caneta de estimação do meu chefe desapareceu, quando ele perguntou aos funcionários sobre o paradeiro da mesma, o único que pareceu mentir fui eu, devido às minhas reções de ficar vermelho tentando desviar as atenções sobre mim. Havia ficado claro para todos que eu sabia a resposta, embora eu afirmasse com toda a honestidade que não sabia quem a pegou. No dia seguinte, ele encontrou a caneta em sua própria casa e me perguntou porque eu havia tido aquela reação. Eu simplismente não sabia como explicar.
Centenas de casos como este aconteceram comigo e continuam acontecendo, ora com menor, ora com maior intensidade.
Eu não me considero uma pessoa tímida, a não ser por este motivo. Isto às vezes me causa depressão, nada que interrompa minha rotina. Mas, começo evitar pessoas e ocasiões que possam propiciar tais situações."
Pânico
O que é?
O transtorno do pânico é definido como crises recorrentes de forte ansiedade ou medo. As crises de pânico são entendidas como intensas, repentinas e inesperadas que provocam nas pessoas, sensação de mal estar físico e mental juntamente a um comportamento de fuga do local onde se encontra, seja indo para um pronto socorro, seja buscando ajuda de quem está próximo.
A reação de pânico é uma reação normal quando existe uma situação que favoreça seu surgimento. Estar num local fechado onde começa um incêndio, estar afogando-se ou em qualquer situação com eminente perigo de morte, a sensação de pânico é normal. O pânico passa a ser identificado como patológico e por isso ganha o título de transtorno do pânico quando essa mesma reação acontece sem motivo, espontaneamente. Nas situações em que a própria vida está ameaçada o organismo toma medidas que normalmente não tomaria, perdendo o medo de pequenos perigos para livrar-se de um perigo maior. Para fugir de uma cobra podemos subir numa árvore mesmo tendo medo de altura ou fazendo esforços incomuns, sofrendo pequenos ferimentos que no momento não são percebidos. O estado de pânico é portanto uma reação normal e vantajosa para a auto-presenvação. Aqueles que fogem mais rapidamente do perigo de morte têm mais chances de sobreviver.
O diagnóstico
O diagnóstico do transtorno do pânico possui critérios bem definidos, não podemos classificar como transtorno do pânico qualquer reação intensa de medo. Assim sendo estão aqui apresentados os critérios usados para fazer este diagnóstico.
a) Existência de vários ataques no período de semanas ou meses.Quando houve apenas um ataque é necessária a presença de significativa preocupação com a possibilidade de sofrer novos ataques ou com as consequências do primeiro ataque. Isto é demonstrado pela preocupação com doenças, intenção de ir ao médico e fazer exames, vontade de informar-se a respeito de manifestações de doenças.
b) Dentre vários sintomas pelo menos quatro dos seguintes devem estar presentes:
1- Aceleração da frequência cardíaca ou sensação de batimento desconfortável.
2- Sudorese difusa ou localizada (mãos ou pés).
3- Tremores finos nas mãos ou extremidades ou difusos em todo o corpo.
4- Sensação de sufocação ou dificuldade de respirar.
5- Sensação de desmaio iminente.
6- Dor ou desconforto no peito (o que leva muitas pessoas a acharem que estão tendo um ataque cardíaco)
7- Náusea ou desconforto abdominal
8- Tonteiras, instabilidade sensação de estar com a cabeça leve, ou vazia.
9- Despersonalização* ou desrezalização**.
10- Medo de enlouquecer ou de perder o controle de si mesmo.
11- Medo de morrer.
12- Alterações das sensações táteis como sensação de dormências ou formigamento pelo corpo.
13- Enrubescimento ou ondas de calor, calafrios pelo corpo.
*A despersonalização é uma sensação comum nos estados ansiosos que pode surgir mesmo fora dos ataques de pânico. Caracteriza-se por dar a pessoa uma sensação de não ser ela mesma, como se estivesse saindo de dentro do próprio corpo e observando a si mesmo.
**A desrealização é a sensação de que o mundo ou o ambiente em volta estão diferentes, como se fosse um sonho ou houvesse uma núvem.
Essas duas sensações ocorrem em aproximadamente 70% da população geral não significando como ocorrencia isolada uma manifestação patológica.
c) Há substâncias que podem geral reações de pânico como os estimulantes. Quando o pânico ocorre sob esse efeito não se pode dar este diagnóstico assim como também não pode ser dado em decorrência de outros estados ansiosos anteriores como um ataque de pânico secundário a uma exposição forçada de um fóbico social por exemplo.
Causas
As causas dos ataques de pânico são desconhecidas. Contudo cada um dos pensamentos teóricos vigente possue suas próprias teorias. Observa-se também que os pacientes ao procurarem o psiquiatra pela primeira vez geralmente possuem suas próprias teorias ou explicações para o que está acontecendo consigo. Por enquanto a única recomendação que o médico pode dar aos seus pacientes é de não pensarem a respeito pois como não existem bases comprovadas para se especular a respeito das causas do pânico, qualquer idéia tem muito mais chances de estar errada do que certa. O paciente deve preocupar-se em seguir o tratamento e levar sua vida normalmente ao invés de descobrir as causas de seu transtorno.
Teorias
Neuroanatômica
Baseando no princípio de que o ataque de pânico é uma perturbação do sistema fisiológico que regula as crises normais de medo e ansiedade, cientistas elaboraram hipóteses do fluxo de acontecimentos no cérebro dos pacientes com pânico. Na figura abaixo está indicado que a reação de pânico começa no locus ceruleus (LC) porque sua estimulação produz quase todas as reações fisiológicas e autonômicas do pânico. O LC por outro lado se conecta ao nervo vago que se estende a regiões do tórax e abdômen, podendo explicar a origem do mal estar abdominal, sensação de sufocação e taquicardia tão frequentes nas crises de pânico. A ponte, onde está localiozado o LC, possui amplas conecções com o sistema límbico logo acima e é neste sistema onde se localizam as reações de medo e ansiedade. A ponte é também caracterizada por estar fora da área onde se pode exercer influência voluntária como na córtex, isto poderia explicar a origem inesperada e incontrolável das crises.
Comportamental
Para o modelo comportamental a teoria neuroanatômica é insuficiente. Vários princípios comportamentais estão envolvidos no desenvolvimento do pânico: o condicionamento clássico, o princípio do medo do medo, a teoria da interpretação catastrófica e a sensibilidade a ansiedade. No princípio do condicionamento clássico o paciente desenvolve o medo a partir de um determinado estímulo e sempre que exposto a esse estímulo, a recordação de medo é evocada fazendo com que a pessoa associe a idéia do medo ao local onde se encontra. Por exemplo, ao passar num túnel caso sinta-se mal por qualquer motivo passa a relacionar o túnel ao mal estar e gerando equivocadamente nova reação de ansiedade, que passa a ser reforçada pelo alívio da saído do túnel. Este modelo não pode explicar todas as crises de pânico nem é pretenção do pensamento comportamental explicar tudo a partir de uma só teoria comportamental.
Psicanalítica
A teoria psicanalítica afirma que as crises de pânico se originam do escape de processos mentais inconcientes até então reprimidos. Quando existe no inconsciente um processo como uma idéia, ou um desejo, ou uma emoção com o qual o indivíduo não consegue lidar, as estruturas mentais trabalham de forma a manter esse processo fora da consciência do indivíduo. Contudo quando o processo é muito forte ou quando os mecanismos de defesa enfraquecem, os processos reprimidos podem surgir "desautorizadamente" na consciência do indivíduo pela crise de pânico. A mente nesse caso trabalho no sentido de mascarar a crise de tal forma que o indivíduo continue sem perceber conscientemente o que de fato está acontecendo consigo. Por exemplo o indivíduo tem uma atração física por uma pessoa com quem não pode estabelecer contato, por exemplo a própria irmã. Este desejo então fica reprimido porque a real manifestação dele causaria intensa repulsa, raiva ou nojo de sí próprio. Para que esses sentimentos negativos permanecem longe da consciência a estrutura mental do indivíduo a mantém o desejo reprimido. Caso esse desejo surja apesar do esforço por reprimir, o aparato mental o transforma o desejo noutra imagem, podendo esta ser uma crise de pânico. Uma vez que o equilíbrio mental foi ameaçado o funcionamento mental inconsciente transforma o conteúdo da repressão numa crise de pânico.
Grupos de Risco
Aproximadamente 1,5 a 2% das pessoas é afetada por esse transtorno, o que significa uma prevalência alta, sendo ainda mais alto, de 3 a 4% se os critérios para diagnóstico não forem inteiramente preenchidos, ou melhor, se considerarmos as crises parciais e os quadros de ataques de ansiedade atípicos. As mulheres são mais afetadas do que os homens, sendo aproximadamente o dobro a incidência do transtorno do pânico sobre as mulheres em relação aos homens, a proporção então é de duas mulheres para cada homem. A idade de início concentra-se em torno dos trinta anos, podendo começar durante a infância ou na velhice. A mulher de 30 anos é o grupo sobre o qual observa-se maior incidênciadesse transtorno.
Tempo de Duração
O curso do pânico é imprevisível, tanto pode durar alguns meses como pode durar vários anos. Desde que o pânico começou a ser estudado, há poucas décadas, ainda não foi possível se verificar em que percentagem ele dura a vida toda. Os estudos de longo seguimento chegam a perto de uma década e aproximadamente 10% dos pacientes continua sintomático após esse período, ou seja, continua tendo ataques de pânico quando as medicações são suspensas. É importante notar que o tratamento não cura o pânico, apenas suprime os sintomas e permite o paciente ter uma vida normal, mas a suspenssão do tratamento leva a uma recaída caso não tenha ocorrido uma remissão espontânea do transtorno. Mesmo bem conduzido o tratamento não há nenhuma garantia de cura, ou os sintomas remitem sozinhos ou permanece a necessidade de utilização das medicações. Há relatos de casos de remissão espontânea durante a gestação
Medicações
O tratamento mais recomendado para o bloqueio das crises são os psicofármacos. Os antidepressivos de todos os grupos e os tranquilizantes são eficazes no controle das crises. Atualmente mediante a disponibilidade de vários psicofármacos, dificilmente um paciente não melhora com alguma medicação. Todos os grupos de antidepressivos testados mostraram-se eficazes, os tricíclicos e tetracíclicos, os inibidores da recaptação da serotonina e os inibidores da MAO. Apesar de todos os grupos terem sido testados com sucesso nem todas as medicações de cada grupo foi cientificamente testada, presume-se apenas que sejam eficazes. Assim, também os tranquilizantes benzodiazepínicos foram testados e dependendo da dose, todos obtiveram sucesso. A decisão quanto a escolha da medicação deve obedecer a critérios básicos como outras doenças presentes no paciente, portadores de glaucoma não podem tomar tricíclicos, por exemplo. Interações com outras medicações já em uso, história de reação indesejável a determinadas medicações em escolha, características individuais como os pacientes obesos devem optar preferencialmente pelos inibidores da recaptação da serotonina, os pacientes muito magros por tricíclicos. Pessoas com problemas sexuais devem evitar os inibidores da recaptação da serotonina. Por fim como há entre essas medicações marcante diferença de preços é válido considerar isso como critério de escolha desde que não seja feita em detrimento do bem estar do paciente.
Quanto a estratégia de uso das medicações, é recomendável que os antidepressivos sejam evitados isoladamente no início do tratamento. Como essas medicações só passam a bloquear as crises após duas semanas em média, e provocam uma piora do pânico no começo, é preferível que nesta fase seja dado junto ao antidepressivo, um tranquilizante, que tanto poderá ser suspenso depois, como continuar sozinho em monoterapia. Os tranquilizantes de escolha são os de alta potância, embora os de baixa potência podem ser usados em doses mais elevadas.
Terapias
A terapia cognitivo-comportamental é a única que pode ser indicada para o tratamento do pânico, contudo as medicações são mais rápidas no bloqueio das crises. Há pesquisadores que contestam o uso da terapia cognitivo-comportamental para o transtorno do pânico, indicando apenas para o tratamento da agorafobia.
Consequências do pânico
Frequentemente encontramos entre os paciente com pânico certas reações distintas do próprio pânico mas oriundas dele. A mais comum é a agorafobia que possui uma seção especial a ela dedicada. A ansiedade antecipatória é uma ocorrência comum em outros transtornos de ansiedade, trata-se simplemente da preocupação excessiva que antecede o eventos às vezes por alguns dias. Como o paciente com pânico nunca sabe quando sofrerá nova crise está sempre apreensivo, quando relaciona a crise a determinado local ou situação passa a ter ansiedade referentes a eles. A evitação é o comportamento decorrente da atribuição do local a sua crise, quem tem medo de ter crises em túneis por exemplo dá voltas maiores para evitá-lo. Por fim, a hipocondria é uma manifestação frequente no transtorno do pânico, apesar de encontrarmos poucas referências nos livros a esse respeito, na prática é uma relação bastante comum. Como as crises são fortes e muitas vezes associadas a mal estar cardíaco, os pacientes acreditam que sofrem algum mal cardiológico e por isso são encontrados nos consultório e laboratórios de exames cardíacos, além das emergências gerais quando julgam estarem tendo um ataque cardíaco.
Coração
A ligação entre o pânico e doenças cardíacas é nula conforme diversos estudos mostraram, ou seja, não existem evidências de que os ataques de pânico com forte dores no peito venham a provocar qualquer tipo de doença cardíaca, nem as doenças cardíacas por outro lado podem causar pânico.
O prolapso da válvula mitral é um alteração anatômica cardíaca inócua frequentemente encontrada dentre os pacientes com pânico. Não se sabe ainda se existe alguma ligação genética entre o prolapso e o pânico, não há nenhuma prova de que o pânico leve a formação do prolapso nem o prolapso cause pânico pois, muitas pessoas têm prolapso sem terem pânico. A concomitãncia entre essas duas manifestações médicas é reconhecida e não muda em nada a evolução, o tratamento e a gravidade do pânico, assim como o pânico não agrava o prolapso.
Como a sintomalotogia aparentemente cardíaca é grande no transtorno do pânico, a frequência desses paciente nos consultórios cardiológicos é grande. Muitos pacientes mesmo depois de convencidos de que não têm nada no coração continuam indo às emergências com receio de infarto do miocárdio, isto demonstra o caráter de incontrabilidade do transtorno do pânico como ocorre em todas perturbações mentais.
Problemas gerais que podem se parecer com ataques de pânico
Nenhuma doença mental é letal nem provoca sequelas, mas outras doenças médicas podem, por isso, sempre que há suspeitas da existência de algum problema clínico causando uma manifestação parecida ao pânico, é imprescidível investigar outros problemas médicos.
As doenças mais parecidas aos ataques de pânico são:
1. Hipertireoidismo ou hipotireoidismo
2. Hiperparatireoidismo
3. Feocromocitoma
4. Disfunções vestibulares
5. Convulsões
6. Intoxicação do sistema nervoso central
7. Doenças cardíacas
1. As alterações da tireoide geralmente possuem vários outros sintomas inexistentes no pânico, como alterações significativas do peso, do dinamismo, da pele por exemplo, além de poder ser diagnosticada através da dosagem dos hormônios sanguíneos. As crises do pânico pelas alterações da tireoide podem até ceder com um tratamento, mas isso não melhora o estado para o organismo. O tratamento do pânico pode ser realizado enquanto se procede o devido controle hormonal.
2. O hiperparatireoidismo é menos comum, mas alterações metabólicas podem fazer com o que o paciente tenha fortes perturbações físicas que se exteriorizam como crises de pânico.
3. O feocromocitoma é raro, trata-se do excesso de adrenalina e outras catecolaminas circulantes. Além de crises de pânico o paciente pode sentir tremores, cefaléia, taquicardia, sudorese, ansiedade, ruborização, hipertensão, de forma que é muito parecido aos sintomas do pânico. Através da dosagem das catecolaminas, em 24h este problema pode ser descartado.
4. As disfunções vestibulares são as perturbações do vestíbulo auditivo e o cerebelo. As perturbações vestibulares cursam com tonteiras, enjôos, vômitos e desequilíbrios mas não proporcionam sensação de medo. Apesar disso pode ser confundida com o pânico.
5. Convulsões por serem inesperadas e de curta duração podem se parecer com crises de pânico. As covulsões que cursam com perda dos sentidos e queda podem ser descartadas porque o pânico não provoca isso, somente as crises que não provocam perda de consciência podem ser consideradas como possíveis crises de pânico.
6. O uso de certas substâncias como cocaína ou estimulantes podem levar a crises de pânico típicas, mas não provocam o transtorno do pânico, ou seja, uma vez eliminadas as substâncias psicotrópicas as crises de ansiedade cessam sem deixar esse tipo de sequela.
7. Os problemas cardíacos devem sempre ser descartados. Um paciente com quadro clínico compatível com transtorno do pânico e queixas cardíacas deve ser encaminhado rotineiramente para o atendimento cardiológico. Caso surja algum problema será uma mera coincidência, mas é melhor errar por excesso de zelo do que esperar consequências danosas para o coração. É recomendável que isso seja feito pois muitas medicações que tratam o pânico provocam pequenas alterações no ritmo cardíaco.
Aos parentes
Frequentemente os paciente com pânico sofrem muito duas vezes, a primeira por causa dos ataques e suas consequências e a segundo por causa da incompreensão de que são vítimas. Como médico canso-me de ouvir de meus pacientes que seus filhos, pais, cônjugues criticam-no por causa das crises achando que são frescuras, que está na verdade precisando apanhar...!!!??? É verdade, a primeira coisa que os parentes têm que fazer é compreender, aceitar e apoiar os pacientes. O transtorno do pânico é uma doença como outra qualquer, o paciente não escolheu tê-la, nem pode evitá-la.
Aqui estão algumas recomendações às pessoas que convivem com quem tem pânico:
Nunca diga:
Reaxe, acalme-se...
Você pode lutar contra isso...
Não seja ridícula(o)!
Não seja covarde!
Você tem que ficar (quando o paciente quer sair de onde está)
Recomendações
1. Não faça suposições a respeito do que a pessoa com pânico precisa, pergunte a ela.
2. Seja previsível, evite surpresas
3. Proporcione a quem sofre de pânico a paz necessária para se recuperar.
4. Procure ser otimista para com quem pânico, procure aspectos positivos nos problemas.
5. Não sacrifique sua própria vida pois acabará criando ressentimentos.
6. Não entre em pânico quando o paciente com pânico tiver um ataque.
7. Seja paciente e aceite as dificuldades de quem tem pânico mas não se conforme como se ela(e) for uma inválida(o).
Fonte: www.psicosite.com.br